ONU admite que meta climática de 1,5°C não será cumprida

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou nesta quarta-feira (22) que o mundo não conseguirá mais limitar o aquecimento global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais – objetivo central do Acordo de Paris. Segundo ele, o planeta já ultrapassou o ponto de contenção e enfrenta um cenário de impactos climáticos cada vez mais severos.

Dados do observatório europeu Copernicus mostram que a temperatura média global já está 1,4°C acima do período base, e alguns registros de 2024 chegaram a 1,6°C. Com a continuidade do uso intensivo de combustíveis fósseis, climatologistas projetam que o limite será superado antes do fim da década, o que aumenta o risco de eventos extremos como ondas de calor, secas prolongadas e avanço do nível do mar.

Guterres alertou que o planeta está “à beira do abismo” e cobrou que os países apresentem novos planos climáticos mais ambiciosos antes da COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA). Ele defendeu a criação de um mecanismo global para mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais até 2035 em financiamento climático para nações em desenvolvimento.

Mesmo com esforços diplomáticos desde 2015, relatórios recentes da ONU indicam que a chance de manter o aquecimento em 1,5°C é de apenas 14%. A tendência atual aponta para um cenário entre 2,5°C e 2,9°C até o final do século, o que colocaria em risco ecossistemas essenciais e populações costeiras em todo o mundo.