Estudo revela avanço da vegetação e aceleração do degelo na Antártica
- Redação

- 3 de dez.
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Um levantamento inédito do MapBiomas identificou 107 mil hectares da Antártica atualmente livres de gelo, cerca de 1% do continente com presença de vegetação. Embora o número pareça pequeno, especialistas alertam que o fenômeno é significativo para uma região historicamente congelada e considerada a mais isolada do planeta. A presença crescente de musgos, liquens e algas reforça a tendência de aquecimento acelerado na região polar.
A pesquisa analisou imagens de satélite entre 2017 e 2025 e utilizou algoritmos capazes de identificar atividade de fotossíntese. Segundo a cientista Eliana Fonseca, coordenadora do estudo, as temperaturas mais altas estão derretendo gelo e neve com maior rapidez, ampliando o período em que o solo permanece exposto. Esse intervalo mais longo permite a expansão da vegetação para áreas antes inabitáveis, sobretudo nas ilhas próximas à Península Antártica, onde as mudanças têm sido mais intensas.
As transformações não afetam apenas o continente gelado. A Antártica exerce papel fundamental na regulação do clima no hemisfério sul, influenciando a formação de frentes frias e os padrões de chuva na América do Sul. Segundo Eliana, a redução dessas frentes já impacta a agricultura brasileira, enquanto o degelo do Oceano Austral altera a cadeia alimentar, incluindo a diminuição do krill, base da dieta de baleias.
O estudo também destaca os desafios técnicos do mapeamento da Antártica, onde fenômenos como o sol da meia-noite dificultam a leitura de imagens. Avanços em computação em nuvem e georreferenciamento, porém, permitiram o nível de detalhamento alcançado agora. Regido pelo Tratado da Antártica, o continente reforça sua importância científica ao evidenciar como o aquecimento global vem remodelando ecossistemas antes considerados estáveis.

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